Tom Peters
Hoje o personagem é Tom Peters um dos maiores Designers de todos os tempos da General Motors, durante toda a sua história nesta gigante dos EUA criou e ajudou a criar vários projetos que se concretizaram em modelos icónicos da marca.
Um dos caras mais talentosos da indústria automobilística americana, um Designer dos grandes além de líder de Estilo, muitos dos seus projetos que nós conhecemos e não tínhamos ideia de quem era o autor, mas a partir de agora aqueles que são amantes do automobilismo e são fans dos modelos da General Motors poderão conhecer um pouco da sua história.
Peters dedicou uma vida a General Motors, foram mais de 30 anos dedicados ao Design, colocou todo o seu senso criativo em prol de projetos que de alguma forma mudariam conceitos em termos de Design não só na sua empresa, mas também despertando a concorrência para melhorar os seus próprios projetos devido a excelência em que Peters transformou a empresa durante a sua trajetória comandando os departamentos de Design.
Peters contribuiu para grandes projetos da marca, incluindo o Chevrolet Corvette, o Chevy Camaro, o Cadillac XLR, o Show Car Corvette Indy, o Chevrolet Silverado 2014 e muitos outros.
Nada acontece por acaso, na época da faculdade, ele não estava apenas desenhando carros, mas também trabalhando neles, a relação da mecânica com a estética de um automóvel para dar mais personalidade e um caráter ao carro, no entanto nesta época ele não sabia que existia algo chamado Design Industrial, mas como a sua vocação era o desenho ele se matriculou na escola como Publicidade/Ilustração.
Durante este curso, um dia quando ele fazia laboratório de cores, viu um catálogo que outro aluno havia trazido para a aula, pediu para dar uma olhada, e foi assim que a sua vida mudou para sempre, era um catálogo do ART CENTER. Este catálogo estava cheio de fotos de carros maravilhosos e design de produtos. Tudo o que ele tinha vontade de desenhar, e foi ali que ele descobriu que existia uma escola que realmente ele iria aprimorar e aprender as coisas que ele gostaria de fazer.
E para selar o seu destino, surge outra lenda no seu caminho, desta vez um dos professores que faziam parte do ART CENTER, era ninguém mais, ninguém menos que Harry Bentley Bradley, que era outro artista que Tom Peters admirava desde a sua infância, Bradley desenhava para revistas automotivas da época, principalmente fazendo desenhos de carros futuristas, de como os carros deveriam ser no futuro, e dentre eles o CORVETTE estava incluso.
Para quem não sabe, e eu faço uma parte aqui, Harry Bradley foi Designer da Ford Company CO. que em 1967 foi convocado por Elliot Handler fundador da MATTEL para dar início ao projeto de criação da Hot Wheels que seria lançado em 1968, a coleção Hot Wheels fundadora conhecida como SWEET SIXTEEN – OS 16 ORIGINAIS.
Peters costumava recortar os desenhos de Bradley e arquiva-los em um fichário como material de referência, e foi assim que ele percebeu que era naquele ambiente que ele gostaria de estar, sem pensar muito ele criou um portfólio de seus desenhos e enviou para a escola, ele foi aceito, pegou o seu Galaxy 68 e foi atrás do seu sonho.
Foi quando ele comprovou que o ART CENTER COLLEGE DESIGN era tudo o que Tom Peters tinha sonhado, mas depois do primeiro ano, o dinheiro ficou curto, ele não teria dinheiro o suficiente para mais um semestre, foi quando ele ficou sabendo que a GM estava oferecendo um estágio remunerado para Juniors ou Seniors. Muito embora ele ainda estivesse no segundo ano na época, o desespero o levou a enviar um portfólio para a empresa, na esperança que algo acontecesse, não tinha perspectivas nenhuma de continuar o curso, mas o destino lhe reservava muito mais do que ele imaginava, ele não acreditou quando recebeu um retorno positivo da GM, esta oportunidade salvou a vida dele de várias maneiras. Sem esta oportunidade, ele simplesmente não saberia o que estaria fazendo hoje.
Tom Peters se formou no ART CENTER COLLEGE OF DESIGN o maior e melhor centro de aprendizado de Design dos EUA, muitos dos Designers Hot Wheels e Matchbox foram formados nesta conceituada instituição de ensino americana.
Ele recebeu uma proposta para trabalhar na Equipe de Design da General Motors, graças aos Designers Charles Jordan e Jerry Palmer que perceberam que ele tinha algo de diferente e que poderia agregar muito em seus projetos, eles o trouxeram e incorporaram na Equipe Corvette onde recebeu a missão de ocupar uma posição de Designer.
Quando ele ainda estava na ART CENTER, Tom conheceu uma garota pela qual se apaixonou, ela também aguardava uma oportunidade na GM, não que fosse fácil, muito pelo contrário, mas quando isso não aconteceu, Tom teve que rever as suas prioridades, já estava a seis meses no emprego dos seus sonhos, já estava na GM e esta amiga recebe uma oferta de emprego da empresa TEXAS INSTRUMENTS em Lubbock, Texas.
Ele queria se casar, então ele seguiu o seu coração, saindo da GM, chegou a ir no escritório de Chuck, seu chefe e dizer, que se ele tivesse duas vagas, ele voltariam em um piscar de olhos.
Tom apresenta o seu portfólio de desenhos para a Texas Instruments e acabou sendo contratado também. Depois de dois anos projetando de tudo, desde aplicativos militares a calculadoras, uma carta chega pelo correio, o remetente era Chuck Jordan oferecendo um emprego para ele e sua esposa.
Apesar de Tom gostar da sua posição na Texas Instruments, ele era um cara dos carros, a gasolina corria em suas veias, mas ele estava pronto para voltar e sua esposa também, foi assim que eles partiram para Detroit.
Na sua infância, Tom desenhava muito, existia uma força que o fazia desenhar, desenhar muito, tudo o que chamava a sua atenção, os seus cadernos de desenhos estavam cheios de desenhos de Pessoas, Plantas, Animais e Casas, mas o que ele gostava mesmo era desenhar Carros e Aeronaves, ele era fascinado com a maneira com que as linhas e as superfícies podiam ter uma espécie de beleza e ao mesmo tempo desempenhar algum tipo de função.
Os grandes da história, invariavelmente, sempre tem um gatilho que dá início a sua jornada, algo que desperta um sentimento incontrolável que o empurra para o seu destino, e com Peters não foi diferente, quando ele estava no colégio, andando de ônibus, ele viu algo que parecia um Disco Voador Prateado, tamanho o impacto que aquela cena o causou, era um Corvette Stingray 1963 que ele via pela primeira vez, quando a porta do carro se abriu, saiu do carro um garoto rico local, ele e seus amigos pararam e apenas ficaram admirando o modelo, foi incrível, depois deste evento, várias vezes, ele e seus amigos criaram um ritual, paravam na porta da casa e esperavam do lado de fora a oportunidade de ver o modelo outras vezes.
Inspirado nesta experiência, Tom continuou melhorando os seus desenhos, acompanhava tudo o que acontecia na cena, através também das revistas de carros para ver as novidades, isso era o final dos anos 1960 e os Muscle Cars eram o destaque e o Corvette Stingray era o Rei.
Uma outra influência que Peters tinha na época e que se tratava de outros temas automotivos, era de ninguém mais, ninguém menos que Ed “Big Daddy” Roth uma das grandes lenda da Cultura Custom e um dos pais da Contra Cultura e Cultura Pop Americana.
Ed Roth até mesmo por seu estilo completamente diferente e inusitado para a época, inspirou muitos jovens, pois a sua arte era contestadora, afrontava os padrões normais da indústria automobilística da época e até mesmo da própria Cultura Custom, as suas ilustrações que vinham do seu subconsciente perturbado e um mundo paralelo a realidade que ele vivia, criou várias coisas que até então ninguém tinha sequer imaginado que podia ser reproduzido, e ED ROTH tornou realidade, suas ilustrações artísticas com os seus monstros imaginários e seus Hot Rod alucinantes, inspirou e inspira gerações até os dias de hoje, Peters foi um destes adolescentes.
Eles adoravam os carros de ED ROTH que podiam admirar nas publicações da revista Hot Rod Magazine, uma das mais importantes da época, além dos carros, tinham os anúncios vendendo as famosas camisetas com os desenhos de seus monstros, nestas ilustrações muitas vezes estes personagens estavam dirigindo carros como Chevy’s e Ford’s com os seus motores expelindo fogo pelos capôs e pelos seus grandes coletores.
Segundo Tom Peters, embora os desenhos fossem animados e distorcidos, os carros eram corretos em seus detalhes, linhas e proporções, foi isso que atraiu Peters, na época ele chegou a criar os seus próprios desenhos inspirados na arte de ED ROTH, vendendo para os seus amigos por USD $ 0,25 de dólar Cada.
Desde cedo, Peters entendeu que, além da habilidade de desenhar, seria fundamental entender a escultura, ele chegou a trabalhar com alguns escultores incríveis, o que ele achava mais interessante, era como você podia entregar um desenho e eles transformavam em algo que se podia tocar e apreciar em diversos angulos, assim através deles ele repensou os seus desenhos 2D em termos de 3D, imaginar como um projeto ficaria através de uma escultura, comparando com um Corvette por exemplo que é tão escultural por causa de suas linhas e formato.
Peters em sua carreira na GM se envolveu em vários projetos, que iam se tornando mais empolgantes, como um cara inquieto, buscava soluções para os seus projetos, trabalhou em um novo conceito para o motor central do Corvette usando um motor Lotus Indy.
Mais tarde Peters se tornaria Chefe de Design do seu estúdio avançado, algum tempo depois ele participaria de uma competição organizada por Charles Jordan, que desafiou três estúdios de Design a criar sua própria versão para a próxima geração do Corvette, foi a oportunidade de Peters compartilhar sua paixão e todas as suas ideias de design, no término desta competição, os modelos foram levados para a Base da Força Aérea Local para aprovação final de Jordan, e a Equipe de Design de John Cafaro foi a vencedora, embora o projeto de Peters tivesse uma ótima aparência e aerodinâmica não venceu, os Designers da GM disseram que o seu modelo era muito Fluído com um desenvolvimento espetacular.
Tom criou um modelo Vermelho, John desenvolveu um modelo C5 Preto e o estúdio da Califórnia fez uma versão de corridas com um modelo V6.
A sua atitude baseada no trabalho em equipe e o amor pelo processo levaram TOM PETERS a ser nomeado Chefe de Design do Corvette C6 e do Corvette Stingray C7. Ed Welburn, que era o chefe Global de Design na época, fala com muito carinho deste período, enquanto eles estavam no desenvolvimento do C7 Corvette, Tom Peters e sua equipe queriam chama-lo de Stingray, e queriam muito.
Este conceito do Stingray de ED, acabou sendo usado no filme TRANSFORMERS, mas mesmo assim ED continuou dizendo para a sua equipe de Designers que o Design de produção ainda não parecia com um Stingray.
A equipe de Tom continuou pressionando até que finalmente ED começou a vê-lo tomar forma, um carro nervoso e estreito, e o desenvolvimento chegou a um resultado espetacular.
ED WELBURN nunca esqueceu o dia que finalmente reconheceu que Tom e sua equipe conseguiram, esse foi o grande momento.
Peter se envolveu em outros projetos, mais tarde ele se tornou líder de Design Exterior da Pick-up Chevrolet Silverado 2014 e do Chevrolet Corvette Stingray 2014, estes dois modelos alcançaram êxito comercial, sucesso de vendas, o design destes modelos atraíram a atenção dos consumidores que realmente gostaram do resultado final.
Tom Peters foi premiado em 2013 pelo “Conjunto da sua Obra” esta premiação foi concedida pelo ART CENTER COLLEGE OF DESIGN por toda a sua trajetória na General Motors.
O Ex Vice-Presidente de Design da GM, Ed Welburn, em uma ocasião disse o seguinte sobre Peters “Tom teve uma carreira impressionante… Não vamos esquecer que ele tem muito mais a fazer nos próximos anos como um membro valioso da Equipe Global de Design da GM” .
Em 2019, Tom Peters foi introduzido ao prestigioso “CORVETTE HALL OF FAME”.
Quando Tom Peters fala de seu trabalho, você logo compreende como ele se tornou o Diretor de Design do GM Performance Car Stúdio.
Ele fala sobre a Arte, a Forma e a Função do Design como se fosse algum tipo de Alquimia Automotiva, uma coisa mágica que ele tem um entendimento perfeito, mas que ainda consegue mesmo depois de tantos anos admirar completamente como se fosse algo novo.
Quando ele descreve a forma, como as formas e superfícies reagem aos elementos, as suas mãos esculpem o ar para evocar imagens, com esta licença poética, é possível ver, ideias de uma verdade que por muitos anos se materializaram do nada em algumas máquinas de desempenho dos mais dinâmicos e agressivamente refinados da história automotiva.
Acompanhem as imagens…